Pressionada por
representantes da indústria e diante de um cenário econômico adverso, a
presidente Dilma Rousseff quer criar um fórum permanente de diálogo com
empresários para a campanha da reeleição. A ideia de Dilma é reunir
sugestões dos mais diversos segmentos empresariais para tentar
neutralizar as críticas amplificadas pela oposição. O comando da
campanha estuda até a possibilidade de editar um documento específico,
no segundo semestre, estabelecendo compromissos da presidente para
alavancar a indústria. Nos bastidores do PT, o plano é chamado de versão
2.0 da Carta ao Povo Brasileiro, texto usado na campanha de Luiz Inácio
Lula da Silva ao Planalto, em 2002, para acalmar o mercado. Na semana
em que Dilma foi obrigada a preencher a vaga de ministro do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior com um interino, Mauro
Borges Lemos, por não encontrar um empresário de renome que quisesse
assumir o posto, coube a Lula fazer afagos a investidores
internacionais, em Nova York. "Ninguém deve ter medo de investir no
Brasil", disse ele. O papel de atrair pesos pesados do PIB para a
campanha de Dilma e do candidato do PT ao governo paulista, Alexandre
Padilha, será protagonizado pelo ex-presidente. Após assistir a uma
romaria de industriais a seu escritório, nos últimos meses, para
reclamar do "intervencionismo" do governo na economia, Lula vestirá o
figurino de "facilitador" da reaproximação. Na avaliação do presidente
da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, os
empresários não podem reclamar de falta de interlocução:"É claro que
gostaríamos que as coisas fossem mais rápidas, mas há muitas reformas,
como a trabalhista e a tributária, que dependem de mudanças na lei. E o
Congresso não é fácil". Andrade também vê entraves nas exigências do
Tribunal de Contas e do Ministério Público para a liberação de obras.
"Temos de ser parceiros do governo para discutir a questão do câmbio,
dos juros e do crédito", argumentou. "Não adianta ficar chorando."
por Vera Rosa e Adriana Fernandes | Agência Estado
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